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Biologia Estrutural

Investigadores portugueses recorrem à matemática para cristalizar proteínas.
Lisboa, 22 Abr (Lusa) – Uma equipa de investigadores portugueses mostra num estudo hoje publicado por uma revista científica norte-americana que a cristalização de proteínas pode obter-se através de fórmulas matemáticas, em vez de estar dependente de métodos experimentais exaustivos.
O primeiro autor do estudo, Pedro Martins, disse à agência Lusa que a descoberta é mais uma contribuição para “a compreensão dos mecanismos de acção de várias doenças e o desenvolvimento de drogas de combate a essas doenças”.
O estudo, publicado na revista PLoSOne, resultou de um trabalho conjunto do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e da Faculdade de Engenharia (FEUP), todos ligados à Universidade do Porto.
A equipa foi liderada por Ana Margarida Dias, do IBMC e ICBAS, e Fernando Rocha, da FEUP.
A cristalografia é uma técnica muito utilizada na investigação fundamental e na indústria farmacêutica por permitir ver a forma das proteínas a três dimensões, e a partir daí desenhar outra, neste caso um fármaco, que nela encaixe, activando-a ou desactivando-a conforme o objectivo.
Como exemplo da criação de fármacos deste tipo, os investigadores destacam o desenvolvimento de antivirais para doentes com sida nos últimos dez anos.
“As aplicações práticas do estudo são ao nível do método de obtenção de cristais de proteínas, chamado método por difusão de vapor”, afirmou Pedro Martins, 31 anos, que participou nesta investigação no quadro de um pós-doutoramento orientado por Ana Margarida Damas e Fernando Rocha.
“A estrutura das proteínas não pode ser obtida por métodos tradicionais de microscopia”, explicou. “O que se faz é determinar a sua arquitectura de uma forma indirecta primeiro através da cristalização da proteína e a seguir pela recolha e tratamento de dados de difracção de raios-X pelos cristais”.
A primeira etapa é equivalente ao que acontece nas salinas, com a formação de cristais de sal a partir da evaporação da água.
“Mas da mesma forma que para o sal as condições de evaporação o tornam de maior ou menor qualidade, o mesmo acontece com estes cristais de proteínas, sendo que este passo é determinante para o sucesso ou insucesso do trabalho”, referem os cientistas.
O que a equipa de investigadores pretendeu foi racionalizar estas etapas, preenchendo uma lacuna existente nos mecanismos físico-químicos subjacentes à técnica de cristalização por difusão de vapor.
Segundo estes investigadores, o processo errático seguido pelas as empresas farmacêuticas, através do recurso a robôs, para alterar repetidamente as condições de cristalização até chegar ao cristal perfeito, poderá ter os dias contados.
Doutorado em Engenharia Química pela FEUP, Pedro Martins esteve um ano nos Estados Unidos (Louisiana) a desenvolver investigação na área da cristalização de açúcar, tendo regressado ao Porto em 2007 com o objectivo de aplicar os conhecimentos adquiridos nesta área com fins bioquímicos e biomédicos.
CM
© 2008 LUSA – Agência de Notícias de Portugal, S.A.

abril 24, 2008 at 3:15 pm Deixe um comentário


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